sábado, 12 de dezembro de 2009

quando se chega aqui ou Gymnopedie nº3



Vi então o enorme mundo de dentro de seus pequenos olhos. Vi vertigem e coragem. Te reconhecer depois de tanta multidão trouxe o sossego de ter o seu olhar sobre o meu.
Trouxe o alívio de soltar o punhado de terra estrangeira que carrego sempre em minhas mãos na hora de abraçar o mundo.
Entender o outro, em toda sua magnitude.
Aceitar o outro que o outro é.
O peso do meu último silêncio. Não há mesmo palavra para esse estado de nitidez. Só imagens. Uma porção delas que escolhi para cuidar.
A luz escorrendo pela sala enquanto os cantos se contornam.
Meu amor desenfreado e sem amarras por onde for, mesmo longe daqui, mesmo mais tarde, mesmo que instituído, mesmo que clandestino. Não importa. Me fortalece o peito e preenche meu olhar de profundo fundo.
Me faz ser o eu que eu sou.
O amor é mesmo de quem não sabe amar.


A foto é do Maurício Bueno. Homem que ama e dança com as imagens.