quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Sobre árvores e esquecimentos


e então me dei conta que morava em Alberobello e era uma artesã. 
Confesso que foi bom perceber que sempre estive aqui, no alto da colina, longe do mar, o que me faz falta, é verdade,mas não há secura.
Por aqui tudo brota, até uma imensa figueira que me acolhe com seu perfume místico quando não sei quem sou.
Há também um velho carvalho. Ele foi muito podado pelo lenhador, agora posso ver. Suas raízes fortes não deixam seus galhos balançarem ao vento, sem direção. O carvalho ri envergonhado dos figos frondosos que caem aos seus pés. Ele não pode alcançá-los, nem devorar sua carne roxa e suculenta.

A cidade é cinza para quem não sabe olhar, e eu tenho como missão guardar as cores escondidas nas frestas das ruelas.
Passo longos dias contemplando o fluxo com a alma livre e o corpo cansado. Escolhi ser barro trabalhado pela vida, e não me assusto se esse caminho não tiver paradeiro. Ser sozinha, ser selvagem e desobediente civil. Rasguei meu título de eleitor e nem raiva consigo sentir de Berlusconi. Ele nasceu em 29 de setembro de 1936. E por que ele também não poderia ser eu?
Sou quântica e holográfica, com relevo e profundidade. Integral e inteira. Não nego, sou negada.
Falo um dialeto das árvores que aprendi com os assírios, de uma época muito muito distante, de quando vivi na Mesopotâmia. Sim, também isso já aconteceu. De qualquer forma sempre fui camponesa, o que me enche de dignidade,porque sei o meu lugar no mundo.



Eu me reconheço, mas não lembro de nada disso. Deve ter sido longe daqui, ou mais tarde.

domingo, 23 de novembro de 2008

A Darth é assustadora de perto ou para uma amiga que nunca ousei gostar tanto e que faz tanta falta


        

            Há um olhar que sabe discernir o certo do errado e o errado do certo.
            Há um olhar que enxerga quando a obediência significa desrespeito e a desobediência representa respeito.
            Há um olhar que reconhece os curtos caminhos longos e os longos caminhos curtos.
            Há um olhar que desnuda, que não hesita em afirmar que existem fidelidades perversas e traições de grandes lealdade.
            Este olhar é o da alma.



quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Este lugar é uma maravilha mas como é que faz pra sair da ilha?


Acordei fazendo cinema. Passos largos rumo a longa vida. Sim, acordei corajosa. 
Acordei catando os desejos espalhados pelo chão, escolhendo os que queria para o dia. Há que se respeitar meu momento hedonista.
Muita loucura acontecendo. A tal da Esperanza. Freedom. Fazer canto e oh yeah fazer jazz. Sim, a prática do shuffle também. 
Há todo um futuro vinil pela frente. Uma nova onda pra surfar, novas bossas.
Acordei então cena a cena. E nada é despercebido nessa ilha de edição. Recrio paixão em meus personagens. Coloco trilha sonora invisível. E eles dançam até mais tarde.
Acordei de grandes olhos abertos para o oceano pacífico.