quarta-feira, 16 de julho de 2008

Ana Cañas e a Terceira História

        

      Um feixe de luz se abre do céu quando Ana Cañas entra no palco. O tempo pára e começa uma jornada de onde não se pode sair ileso.
      O primeiro acorde e um arrepio na espinha. Ela nasceu para se ser ao vivo, e sabe disso. 
      Os olhos marcantes voam longe e sua alma encara a humanidade com garra de bicho feroz. 
      É sua voz que impressiona sim, com potência e domínio. Mas ela toda vibra em puro improviso de quem se lança na vida sem rede de proteção. 
      Há nela uma espécie de líder de geração, de profetisa dos novos tempos.
      É tomada por força estranha que poderia se pensar que está incorporada por misteriosa entidade da música. Nessa dimensão paralela seres dançam na penumbra de um cabaré antigo, brindam com sorrisos de reconhecimento dos que sabem pelo que a vida vale a pena ser vivida. 
     Há nela uma atmosfera de becos soturnos, madrugadas embriagadas, do olhar da primeira mulher que passou batom, da sedução dos balcões.
     Através dela todas as dores e amores do mundo são expurgados num equilíbrio constante.
      Aliou-se à uma legião estrangeira de pessoas que carregam imensos instrumentos e são capazes de com eles preencherem todos os vazios.
      Sua língua é a da loucura que é a única capaz de expressar o que não se pode entender.


Um comentário:

Gabriela Cordaro disse...

Nós da 'legião estrangeira', vamos nos reconhecendo assim devagarzinho... Maior prazer em ler seus escritos e grande honra fazer parte dos links do seu blog. Aguardo mais encontros para saber dos seus planos (que são muito bons!). Beijos