sábado, 12 de dezembro de 2009

quando se chega aqui ou Gymnopedie nº3



Vi então o enorme mundo de dentro de seus pequenos olhos. Vi vertigem e coragem. Te reconhecer depois de tanta multidão trouxe o sossego de ter o seu olhar sobre o meu.
Trouxe o alívio de soltar o punhado de terra estrangeira que carrego sempre em minhas mãos na hora de abraçar o mundo.
Entender o outro, em toda sua magnitude.
Aceitar o outro que o outro é.
O peso do meu último silêncio. Não há mesmo palavra para esse estado de nitidez. Só imagens. Uma porção delas que escolhi para cuidar.
A luz escorrendo pela sala enquanto os cantos se contornam.
Meu amor desenfreado e sem amarras por onde for, mesmo longe daqui, mesmo mais tarde, mesmo que instituído, mesmo que clandestino. Não importa. Me fortalece o peito e preenche meu olhar de profundo fundo.
Me faz ser o eu que eu sou.
O amor é mesmo de quem não sabe amar.


A foto é do Maurício Bueno. Homem que ama e dança com as imagens.

6 comentários:

Mauricio disse...

Volto a repetir admiro e muito sua escrita!

Daniela Patricia dos Santos disse...

errância imensa e bonita de peito olhos e corpo todo pra sustentar isso que em nós (co)move. Lindo demais!

Bjo

Dani

Mauricio disse...

bom 2010 !!!

Florence Gaston disse...

adorei teu blog!
beijo

R. disse...

vi vertigem.

Heloisa disse...

"O amor é mesmo pra quem não sabe amar". Muito bom!